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Um Guia para mostrar que Arquitetura e Urbanismo é mais do que simplesmente Arquitetura e Urbanismo
É um condomínio residencial de baixo custo com 150 apartamentos de cinco tipos, primeiro empreendimento da Revitalização do Porto do Rio de Janeiro, concebida pela equipe do então Secretário de Urbanismo do Rio, arquiteto Luiz Paulo Conde, mais tarde encampada –e modificada- pelo Porto Maravilha.
Em 1994 foi encomendado à Cooperativa de Profissionais do Habitat um levantamento das Oportunidades Habitacionais no Porto, abstraídos o que fosse favela no caso o Morro da Providência ou Morro da Favela e a parte plana de aterro do bairro, onde seriam destinadas posteriormente as torres.
Levantou-se 138 terrenos-micro vazios urbanos-podendo abrigar cerca de 4.300 unidades contextualizadas, em ruas sob controle rígido dos órgãos de Patrimônio, Federal, Estadual e Municipal.
O terreno logo identificado como o de melhor potencial, havia sido uma ilha, tem ainda uma capela desta época, e pertencia à Casa da Amizade Rotária do Rio de Janeiro, que o vendeu aos mutuários, a R$ 3.000,00 a fração ideal/família. Não havia registro de transações imobiliárias na região, visivelmente degradada, embora habitada, com comércio e pequenas indústrias.
O empreendimento, totalmente privado, sendo um dos três primeiros a usar o Crédito Associativo (os outros dois também foram nossos, Colinas de Campo Grande para a Gafisa, e Portus, para a Prefeitura do Rio), foi fomentado e gerenciado pela Coordenadoria de Fomento da Secretaria de Habitação da Cidade do Rio, com o arquiteto Sérgio Magalhães à testa, que insistiu para que mantivéssemos uma densidade tal, que oferecesse uma área verde à cidade, de entorno árido.
A demanda, de renda baixa, até 5 S.M. mensais, foi captada e organizada pela Coordenadoria de Fomento, aberta a qualquer cidadão, embora tenha um grande número de servidores públicos, militares, taxistas e arquitetos.
1º GUIA IAB PARA A AGENDA 2030
ODS 01 | ERRADICAÇÃO DA PROBREZA
Projeto 77 | Condomínio Moradas da Saúde
Equipe: Demetre Anastassakis, Claudia Mello e Antonio Cerqueira da Cruz.Construção: Bauer Edificações, Construtora Aravia e Construtora Novolar.Projeto: 1996. | Local: Rio de Janeiro – RJ.| Status: Concluído em 2008.
A Comissão de Política Urbana e Habitação Social do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) reproduz uma iniciativa mundial que tem como origem o esforço da Comissão com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o cumprimento da Agenda 2030, onde assinam 169 nações membro das Nações Unidas e cujo lema maior é a solidariedade e a empatia. O desafio é enorme, mas os resultados começam a ser percebidos de forma bastante marcante pelos parceiros que participam desta proposta.
Com o forte lema “TODOS OS MUNDOS, UM SÓ MUNDO”, a União Internacional de Arquitetos (UIA) realizou, entre maio e julho de 2021, seu 27º Congresso Mundial de Arquitetos – UIA 2021. Esta temática se desdobrou em quatro eixos: diversidade e mistura, fragilidades e desigualdades, mudanças e emergências, e transitoriedade e fluxos. E a Agenda 2030 da ONU e seus Objetivos do Desenvolvimento Sustentável foram o embasamento para esta temática que, em tempos de pandemia, aparece como tema central.
O IAB abraçou este projeto e concluiu com êxito a organização de uma coleção sobre a Agenda 2030 que terá 10 edições. O “Guia IAB para a Agenda 2030” representa uma iniciativa que acompanha os trabalhos da Comissão da UIA de Monitoramento dos ODS que, em 2019, lançou uma publicação com projetos de todo o mundo relacionados com a Agenda 2030 e que já foi traduzida para diversos idiomas. Mas é mais do que isso: o Guia representa um esforço para mostrar que Arquitetura e Urbanismo é mais do que Arquitetura e Urbanismo.
Foi neste contexto que após dois anos de trabalho e após uma mesa de debates no Congresso Brasileiro de Arquitetos, em 2019, que o IAB – por meio do Grupo de Trabalho da Agenda 2030 da Comissão de Política Urbana e Habitação Social – produziu uma versão brasileira da publicação da Comissão da UIA, apresentando projetos de arquitetura e planos de desenvolvimento urbano do Brasil que colaboram com cada um dos 17 ODS.
A primeira edição do Guia contou com diversas parcerias, em um esforço contínuo para mostrar práticas sustentáveis em nossa arquitetura e urbanismo, e contou com a publicação de 51 projetos/planos. Em 2021, o IAB conseguiu ampliar o leque de entidades apoiadoras, o que demonstra que o acompanhamento da Agenda 2030 e dos ODS converge para posicionar a categoria profissional junto às outras categorias e ajuda a fortalecer a sociedade civil frente às suas reivindicações junto aos governos.
O 2º. Guia da coleção, lançado por ocasião do Congresso da UIA, mostra o melhor da produção arquitetônica e urbanística dos profissionais brasileiros interessados em contribuir para a temática do desenvolvimento sustentável. Participaram da chamada livre feita pelo IAB, profissionais arquitetos e urbanistas brasileiros, com obras e projetos localizados no território nacional ou no exterior, elaborados a partir de 2015.
Os projetos arquitetônicos e os planos urbanísticos selecionados na nova publicação apresentam grande diversidade e cobrem praticamente todo o território brasileiro. Existem exemplos do atendimento pertinente à Agenda nos diferentes estados brasileiros e localizados em outras partes do mundo, como Egito e Senegal.
Os 51 projetos e planos que melhor representam os 17 ODS foram selecionados por uma equipe de especialistas, de diversas profissões e de diferentes setores e regiões do país. O IAB, por sua vez, recebeu mais de uma centena de inscrições. A nova publicação foi lançada junto com a Exposição “Um Guia de Arquitetura e Urbanismo para as 17 Metas da ONU de Desenvolvimento Sustentável”, que trouxe exemplos dos dois Guias do IAB e dos dois Guias da UIA. O lançamento contou com a representação seleta de presidentes das principais instituições internacionais de Arquitetura e Urbanismo, incluindo a Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos (FPAA) e o Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP).
O que isso significa? Significa que a pauta política do exercício da profissão se explicita na demonstração empírica do que os trabalhos apresentados representam a contribuição da Arquitetura e do Urbanismo para a implantação da Agenda 2030, nos locais onde eles foram projetados ou construídos. Afinal, o principal esforço da Agenda 2030 é a incidência local de investimentos público, com leis, políticas e programas e isso se caracteriza por uma abordagem aplicada da Arquitetura e Urbanismo, que amplia a compreensão do significado, do simbolismo e a força do projeto e da sua concretização como desenho urbano ou intervenção física no edifício.
O lançamento do 2º Guia reafirma, acima de tudo, o compromisso do IAB com o cumprimento das metas da Agenda 2030 por meio da disseminação dos trabalhos e da conscientização dos profissionais de arquitetura e urbanismo. Existe a demonstração de que a contribuição dos arquitetos para um mundo melhor pode ser compreendida pela sociedade se ampliamos nossa capacidade de dialogar com outros profissionais, contribuindo com propostas que traduzem o ethos da profissão.
Cid Blanco é Arquiteto Urbanista, Representante do IAB Comissão da UIA para os ODS, Coordenador do GT Agenda 2030 da Comissão de Politica Urbana do IAB.
Cláudia Pires é Arquiteta Urbanista, Coordenadora da Comissão de Política Urbana do IAB.
Junto com Graciete Guerra Costa (RR), Carla Veras (MA) e Rossela
Rosseto (SP), são da Coordenação do Guia.
Acesse o Guia em:
O Espaço Fábrica Mascarenhas é o coração da cultura, conhecimento e da história de Juiz de Fora. Da sua enorme importância no comércio têxtil e economia desde sua inauguração em 1888, o espaço fechou as portas em 1984 e hoje configura-se como um importante local amplamente utilizado pela sociedade juiz-forana.
É composto pelo Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, que já foi o prédio principal da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas (CTBM) e abriga hoje as atividades de relações táteis e visuais: o desenho, a fotografia, a pintura, a escultura. Pela Biblioteca Municipal, local da pesquisa, estudo, leitura e memória. E pelas atividades decorrentes de um mercado público que refletem a tradição, os costumes e a identidade de uma região, ou seja, é um espaço de troca que apresenta a cidade.
Para esse o local de importância ímpar no contexto de Juiz de Fora, pensa-se que o seu entorno imediato (Praça Antônio Carlos e Rua Dr. Paulo de Frontin) solidifique-se como uma base digna que abrace tamanho tesouro, pautada pelas questões demandadas e pelo genius lóci.
2º GUIA IAB PARA A AGENDA 2030
ODS 09 – INDÚSTRIA, INOVAÇÃO E INFRAESTRUTURA
Projeto 21 | Fábrica Mascarenhas
Autor: Henrique Zulian (Austral Studio)
Cliente: Prefeitura Municipal de Juiz de Fora
Local: Juiz de Fora – MG – Brasil
Localização: Praça Antônio Carlos s/n° | Área: 19200 m²
Data da elaboração: 27/11/2020 | Status: Projeto