Lu Mattos apresenta seu universo “Poptrópicosfera” em show que exalta a diversidade musical
Cisne negro ou branco?
É admirável como o ser humano busca a excepcionalidade em ser diferente, em se destacar sobre os demais. A história do cisne negro é assim, caso você não a conheça! Nome também de um famoso livro, do autor Nassim Nicholas Taleb, intitulado como “A lógica do cisne negro” que aborda a evolução da humanidade com o surgimento dos fenômenos aleatórios incontroláveis. O Cisne Negro apenas acontece e não é planejado. A natureza o faz assim e, concebido como tal, se destaca naturalmente. A lei natural da ocorrência do acaso acontece na exceção e são raros! Porém, todos acreditamos ou desejamos ser “a exceção”! Desejamos ser o cisne negro! Mas por que desejamos tanto sê-lo e qual seria o motivo desse desejo? Ser um seria sinônimo de Dinheiro ou Poder? Vamos a história.
Difícil é a arte de aceitar que somos senso comum! Somos cisnes brancos e, como tais, deveríamos nos comportar. Mas, o desejo do cisne negro contagia o ego do ser humano e corremos atrás da exceção. Exemplo seria um ganhador da Mega-Sena acumulada, no caso nosso cisne negro, que logo após ganhar o prêmio vai preencher o noticiário de todos os jornais no dia seguinte ao sorteio. A soma dos milhões aguça o ego das pessoas e faz com que olhemos de maneira invejosa o jornal buscando o nome do felizardo e imaginando nosso nome lá.
A regra da excepcionalidade é clara: será um em milhões e não teria como prever. Imaginemos se o piloto do atentado ao World Trade Center em 2011 nos EUA soubesse que sua cabine seria invadida por terroristas naquele dia? Claro, tudo seria evitado e os pilotos seriam heróis. Mas isso não ocorreu e gerou anos de mudanças nos protocolos de segurança para minimizar outras possiblidades de se repetir. E, talvez muitos outros atos foram tentados ser repetidos na grandeza, porém frustrados antes da execução.
Somos assim. Quando observamos alguns business case de sucesso, pensamos que será fácil a arte de repetição trilhando os mesmos caminhos. Mas, o cisne negro não dá trégua, visto que a arte da exceção é sua regra. Não acreditamos e insistimos nos atos. O egoísmo fomenta os pensamentos e caminhamos pela trilha da repetição.
A história retrata vários casos que ocorreram nessa retórica. Minas Gerais e o Brasil presenciaram mais uma dessas. Em um momento de descrença, grande parte da população buscou optar pela exceção ou “via alternativa”, como muitos vão preferir. A falta de esperança e descrença levaram historicamente vários países a guerras e mortes. A nossa via escolhida foi a eleição de um presidente e governador que nunca haviam participado do processo eleitoral a que se propuseram disputar, sendo um empresário e outro apenas deputado federal até então.
Mérito deles por estarem locados no lugar certo e no momento histórico certo. Os deuses da história os presentearam com a vitória para um povo desesperançoso e calejado de decepções. Mas, o que se ganha também não é garantia de perpetuação ou manutenção da posição. O cisne negro aparece repentinamente. E pode desaparecer também na mesma velocidade.
Sonhamos em sermos o cisne negro. E repetimos o mesmo caminho! Mas, a receita de bolo não obedece a mão, outra que não a da excepcionalidade. Isso faz com que, nesta busca valorizemos pessoas ou situações pouco comuns do nosso dia a dia. Criamos novos parceiros, novas ligações e amizades para acreditarmos que seremos abençoados com aquele manto. E, o resultado nos trás para nossa insignificância da normalidade e mortalidade. Somos senso comum e, como tal deveríamos aceitar nossa condição para sermos mais felizes.
Teríamos de valorizar nossas raízes, nossa ancestralidade, família e amigos. A busca do poder cega os astutos e astênicos, que muitas vezes, sobre o discurso se justificando como cisnes negros, acabam arrebanhando as ovelhas que se agrupam ofuscadas sob égide do pretenso e ambicioso candidato.
Na África, a caça predatória tem grande apelo no mundo. Muitos caçadores pagam fortunas para entrarem nas savanas locais e sacrificar leões que são cercados e encurralados para tal prática esportiva. Pode parecer cruel, mas isso movimenta milhões de dólares nos países africanos pobres.
E a natureza em sua magnânima grande nos presenteia todos os dias, quando permite que um leão seja concebido de pelagem clara, o que chamamos de albino, e são raros com seu valor associados a fortunas. Eles são disputados e são valiosos!! Mas não escolheram nascer assim, o acaso os fez assim e a genética recessiva valeu as leis Mendelianas.
Sempre associamos o cisne negro às conquistas, principalmente de poder e dinheiro. Já o leão branco, ou cisne branco, teve na concepção, ser a ele dedicado a lenda divina que teria sido abençoado por Deus, e como tal, essa dádiva seria o motivo de promover a união e paz local. E eles são protegidos por comunidades que buscam a paz espiritual contra a ganância daqueles predadores financistas. Ele não tem nada a oferecer, apenas é o que é, e por ser assim, é tão perseguido.
E essa lenda me fez pensar no Rei Leão e Simba, com a sua missão!!Apesar de não ser albino, ele pacificou uma região valorizando apenas seus pares, família, ancestrais e amigos. Um ritual de restauração que uma comunidade precisava passar.
Não precisamos de grandes posses ou poder para sermos felizes e estarmos nos noticiários. A simplicidade das atitudes, sempre irá presentear aqueles que, mesmo sendo normais ou senso comum, estarão presentes nos noticiários dos cadernos dos filhos, nos bilhetes da geladeira da esposa, nas mensagens de WhatsApp da mãe, pai e amigos verdadeiros. Sejamos leões brancos e deixemos os cisnes negros para a história contar!