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O mercado financeiro e a pandemia do Covid-19
Além de acompanhar as notícias dos principais sites nacionais e internacionais sobre o mercado financeiro, gosto de dar uma ‘zapeada’ pelos fóruns dessas páginas, especialmente, aquelas que divulgam a cotação das ações em tempo real. Numa dessas ‘zapeadas’, uma conversa entre três internautas me chamou a atenção. Um deles lamentou ter visto seu patrimônio em ações ir de R$80.000,00 para R$15.000,00. Mas, logo esse prejuízo foi minimizado com o comentário do colega, que afirmou ter visto suas ações que valiam R$280.000,00 ir para o patamar de R$80.000,00. Um terceiro forense confessou ter perdido R$120.00,000 em fundos imobiliários.
Essa conversa aconteceu em meados de março, quando o índice Ibovespa chegou ao ‘fundo do poço’ (espero!), saindo da máxima histórica na casa dos 118 mil pontos e alcançando os 63 mil pontos, mesmo patamar desde julho de 2017; ou seja, mais de 45% de queda. Importante destacar que a bolsa brasileira refletiu o que aconteceu com as principais bolsas mundiais.
A extrema desvalorização das ações começou logo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o surto de Covid-19 em pandemia, levando os mercados mundiais ao caos. Antes, porém, o mercado já havia demonstrado sinais de que iria cair com o cenário pessimista da expansão do coronavírus na Europa, na tarde daquela fatídica quarta-feira de cinzas, que acabou sendo chamada de “Corona Day”. Mal sabiam que o pior estava por vir.
Fato é que todos foram pegos de surpresa, dos pequenos investidores CPFs aos grandes gestores de fundos bilionários – muitos enganados pelos pronunciamentos de alguns líderes que ainda minimizavam a potência devastadora da pandemia. Muita gente perdeu dinheiro (em especial quem estava alavancado em derivativos), mas muita gente também ganhou com a queda. Sim é possível lucrar em meio ao caos. No mercado financeiro, enquanto alguns choram, outros vendem lenço; é um reflexo da própria dinâmica do mercado físico.
Claro que para lucrar com as quedas é preciso um pouco mais de conhecimento, experiência e coragem. Quando o investidor opta por operar na posição vendida, ou seja, acreditando que uma ação vai cair, ele aluga papeis de outro investidor e os vende no mercado. Se esse ativo realmente se desvaloriza, o investidor recompra os papeis mais barato, lucrando com a diferença de preços entre a venda e a compra. Mas, e se o ativo subir? Ele será obrigado a comprá-lo mais caro, o que pode causar desde um pequeno prejuízo, se ele encerrar a posição em tempo hábil, à total falência, com a perda do capital investido e até mesmo saldo negativo na corretora. Ficou confuso? Sé é difícil entender essa dinâmica, imagina acertá-la no mercado.
Bom, essa foi uma das táticas que gestores e investidores experientes colocaram em prática para proteger o capital ou tentar recuperar as perdas. Outra estratégica, é claro, foi migrar para a renda fixa ou simplesmente aumentar a liquidez e aguardar um novo momento de entrada, quando o mercado se estabilizar. No intuito de salvar o que restou, muitos assumiram o prejuízo com a venda dos ativos, enquanto outros estão apenas aguardando a retomada do mercado.
Qual estratégia está correta, somente o tempo dirá. Quem que já embolsou o lucro da venda a descoberto provou ter seguido a melhor escolha; mas será que a haverá mais quedas vertiginosas? Acontece que no atual momento, em que as notícias mudam a todo dia e a todo o momento, causando grande volatilidade das bolsas mundiais e, principalmente, a brasileira, estar posicionado tem sido uma grande loteria. Muitas vezes, os fundamentos não explicam determinadas tendências, como por exemplo, quando várias empresas sólidas tiveram o preço de suas ações cotadas no mercado abaixo do valor contábil. Partindo para a análise técnica, nem sempre os padrões se repetem e as análises acabam não tendo tanta confiabilidade estatística assim.
Então o que fazer? Acredito que primeiramente, se você investe no mercado financeiro, deveria ter escutado a sua avó. Sim, a sua avozinha querida, com toda sabedoria que já dizia: “Nunca coloque todos os ovos em uma única cesta”. Se uma cesta cair e os ovos quebrarem, haverá outras cestas com ovos intactos prontinhos para fazer ‘aquele’ omelete com queijo e couve.
Dessa forma, com boa parte de seu capital investido em renda fixa (de certa forma protegido das oscilações da bolsa de valores) e uma reserva de emergência com liquidez, é possível ter paciência e esperar. Acredito que o capital desvalorizado em ações poderá em médio e longo prazo se reverter novamente em ganhos; assim como aconteceu em várias crises passadas (Subprime em 2008, 11 de setembro de 2001, crash das bolsas de NY em 1929, entre outras), o mercado sangra, mas reage.
Se você está comprado, ‘casado’ com suas ações até agora, não venda no prejuízo. Aguarde. Se você vendeu no prejuízo, pode ser interessante esperar por uma estabilização do mercado para entrar novamente. Agora, se você nunca investiu e tem certa liquidez, esta pode ser a oportunidade de sua vida. Mas, antes de qualquer decisão, estude. Conheça as empresas que vai investir, faça suas análises e boa sorte! Espero que todos possam recuperar suas perdas e ter excelentes lucros!