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Olá, somos a Arquitetura na Periferia!
- Arquitetura e Decoração Bem Estar Social
- VivaOnline
- 10 de setembro de 2020
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É com muita alegria que iniciamos nossa participação neste importante espaço de comunicação e divulgação de informações. Nosso objetivo aqui é trazer um pouco para as leitoras e leitores da revista Viva Grande BH o trabalho que desenvolvemos junto às famílias, especialmente junto às mulheres, que moram nas periferias da cidade de Belo Horizonte. A edição 17/2018 da revista trouxe uma entrevista com a arquiteta Carina Guedes, fundadora do projeto, que contou um pouco sobre como surgiu o Arquitetura na Periferia e como ele vem atuando oferecendo assessoria técnica a pequenos grupos de mulheres para a melhoria da moradia em comunidades periféricas. De lá pra cá muitas coisas aconteceram e nesta edição vamos contar um pouco sobre como tem se desenvolvido a nossa atuação.
IAMÍ – INSTITUTO DE ASSESSORIA A MULHERES E INOVAÇÃO
No final de 2018, o projeto foi formalizado com a fundação do IAMÍ – Instituto de Assessoria a Mulheres e Inovação e, portanto, hoje atuamos como uma organização sem fins lucrativos, que tem como missão: “Produzir e coletivizar informação e conhecimento fortalecendo vínculos comunitários por meio do protagonismo da mulher em toda a sua diversidade”. O IAMÍ tem objetivos voltados à promoção da dignidade humana com atividades e finalidades de relevância pública, social, ambiental e cultural. E atua por meio de projetos que priorizam o fortalecimento da mulher, incentivando iniciativas autogestionárias e autônomas como estratégias de consolidação da cidadania e da promoção do desenvolvimento econômico, social e o combate à pobreza, dentre outros. Desde a fundação do IAMÍ viemos buscando expandir o nosso campo de atuação e a multidisciplinaridade do projeto, propondo novas ações que tenham como norte a busca pela equidade de gênero e a transformação real na vida das pessoas.
JUNTAS SOMOS MAIS!
Uma das novidades que incorporamos ao projeto ainda em 2018 foram os workshops e mutirões abertos ao público. Esses eventos foram desenvolvidos com o objetivo de unir pelo menos três aspectos importantes da nossa atuação: a melhoria da moradia das participantes, a consolidação e o fomento de práticas arquitetônicas de interesse social e a sustentabilidade financeira do projeto. Primeiramente, esses eventos nos permitem impulsionar as obras das participantes, já que os mutirões sempre ocorrem em uma das casas das mulheres do projeto e permitem que a moradora economize na mão de obra. Além disso, os workshops e mutirões são oportunidades ímpares para que as pessoas conheçam o nosso método de assessoria técnica e desenvolvam formas de atuarem na área, ao mesmo tempo em que colocam a mão na massa e aprendem algumas técnicas construtivas, por meio de uma vivência singular de um canteiro de obras não convencional. Por fim, esses eventos funcionam também como uma forma de captação de recursos para que o Arquitetura na Periferia continue existindo, uma vez que toda a verba arrecadada é reinvestida nas ações do projeto. Apesar desses eventos serem abertos ao público em geral, em todas as edições que tivemos até hoje, a grande maioria das participantes são mulheres, o que confere ao nosso canteiro de obras uma característica peculiar e inspiradora para todas nós que sonhamos com um mundo em que lugar de mulher seja realmente onde ela quiser! Se você ficou interessada(o) em participar de um desses eventos basta acompanhar as nossas redes sociais. 😉
DOS MUTIRÕES À REALIZAÇÃO DE UM SONHO
Nossos primeiros mutirões realizados no formato Workshop + Mão na Massa foram na casa da Dalila, na comunidade Dandara. Ela morava com o filho e dois netos em uma casa com dois quartos, que ela mesma havia levantado com tijolos e argamassa de cimento. Já a cozinha, a sala e o banheiro ainda eram improvisados, feitos de madeirite. Seu sonho era ter a sua casa pronta, como ela dizia, construindo os três cômodos de forma definitiva em alvenaria.
Para começar, Dalila colocou seu sonho no papel, medindo a sua casa, desenhando o projeto e discutindo o melhor formato com as participantes e equipe técnica, em um processo longo de aprendizado e trocas que chamamos de “Etapa de Planejamento”. Ela aprendeu a calcular os materiais, teve oficinas de finanças pessoais e aprendeu a orçar a obra também.
O primeiro passo para a concretização desse sonho foi dado pelas próprias participantes, também moradoras da Dandara, em uma oficina de construção ministrada pela nossa querida mestra de obras, onde aprenderam a marcar e cavar as valas e tubulões para a base estrutural dos novos cômodos. Nesta época Dalila estava passando por problemas de saúde, que atrelados a dificuldade de trabalhar, a impediam de construir a própria casa, como havia planejado e feito da primeira vez, e também de ter os recursos necessários para contratar a mão de obra.
Foi quando realizamos uma série de mutirões em sua casa ao longo de alguns meses que proporcionaram que as fundações fossem concretadas e concluídas e as paredes pudessem ser iniciadas. Foram dias de trabalho duro e intenso, mas também de muita alegria, por parte não só das pessoas que foram para aprender, mas também para a moradora, que começou a ver um sonho se erguendo a sua frente.
Esse tempo entre os mutirões permitiu que Dalila se reorganizasse para finalizar a construção dos cômodos com a ajuda de um pedreiro de sua confiança e com recursos que ela obteve através do empréstimo sem juros que pegou com o projeto.
“Através desse projeto que eu tô conseguindo realizar meu sonho da casa pronta. O mutirão pra mim foi muito importante também!” Dalila
AÇÕES EM TEMPOS DE PANDEMIA
Em março deste ano interrompemos nossas atividades presenciais, seguindo as orientações dos órgãos de saúde, em função da pandemia do novo coronavírus. No entanto, isso não quer dizer que o projeto parou. A pandemia trouxe consigo diversas consequências negativas, especialmente para as famílias das comunidades em que atuamos, onde muitas pessoas tiveram a sua fonte de renda reduzida ou mesmo zerada com o início da quarentena. Por isso em abril realizamos a campanha Rede de Solidariedade Arquitetura na Periferia contra os impactos do COVID-19 em que conseguimos arrecadar recursos para distribuir, por três meses para os três territórios em que atuamos, o que chamamos de kits quarentena, que consistem em além das cestas básicas, produtos de hortifrúti para uma alimentação saudável e balanceada, produtos de limpeza e produtos de higiene.
Assim que os governos municipais, estaduais e federais anunciaram as medidas de contingência dos danos da pandemia para as pessoas mais vulneráveis, tomamos a iniciativa de auxiliar as famílias para que tivessem acesso aos devidos benefícios. Por meio dos aplicativos de mensagens e telefonemas nossa equipe conseguiu tirar dúvidas, orientar ou mesmo realizar o cadastro das mulheres que estavam com dificuldades de acesso a internet. Este trabalho de tradução e democratização do acesso à informação tem tudo a ver com o que fazemos e acreditamos no Arquitetura na Periferia.
Outra linha de atuação que desenvolvemos nesse período diz respeito a saúde mental das mulheres com as quais trabalhamos. Durante a quarentena, o isolamento social, as incertezas com relação ao futuro ou mesmo os problemas já existentes, tendem a se tornarem ainda maiores, o que nos levou a criar um grupo de apoio, aberto a todas as mulheres que já participaram do projeto, que está sendo conduzido pela equipe voluntária de psicólogas e assistente social e vem tratando de assuntos como ansiedade, insônia, superação, entre outros.
Seguimos nos reinventando, com afeto e criatividade, para que o nosso trabalho continue impactando cada dia mais pessoas.
Caso você tenha interesse em apoiar o Arquitetura na Periferia, venha fazer parte da nossa rede! Acesse o nosso site ou faça a leitura do QR-code. 🙂